terça-feira, agosto 21, 2007

Tropa? Não Obrigado!

“Toda a propaganda a favor da guerra é proibida por lei” (Pacto Internacional de Direitos Cívicos e Políticos, Artigo 20º, 16/12/1966)

O serviço militar cada vez menos surge na nossa vida como algo de muito natural e normal. Que significado tem, para nós, o ir para a tropa?

Cada vez menos a tropa é o modo dos jovens viajarem, conhecerem novas caras, fazerem amigos e viverem independentes da família.

A tropa aparece sim, como uma espécie de espada caindo na nossa juventude e dividindo-a, cortando-a: um emprego, estudos, qualificação profissional, realização pessoal, vida familiar, etc.

Diz-se que é bom ir para a tropa, para se saber o que é a vida, lá é que se fazem “homens”! Mas, o que se faz para tal?

Marchar, fazer exercícios físicos, aprender a ter um inimigo e o que há a fazer é matá-lo com uma arma que sabemos manejar.

Engraxar as botas, esquerdo direito, nada de política, cumprir sempre as ordens dos superiores, cumprir e calar. Nunca dialogar porque isso emperra a ordem de comando e o diálogo é o caos, não é próprio do homem.

Ser “homem” é também bater a pala, ter um cabelo que não é o nosso, entrar e sair fardado e vejam só tratar outros homens por meu...lidar com outros sem nome nem história como que a provar que o servilismo da idade média é modelo para fazer homens do século XX.

Num mundo em crescente e permanente espírito de ódio, violência e guerra qualquer jovem pode recusar-se a servir de carne para canhão ou elemento colaboracionista na destruição da humanidade, declarando-se objector de cosnciência.

A objecção de consciência é um direito pessoal, natural, de não acatar uma lei, de não cumprir uma ordem ou de não prestar determinado serviço (como por exemplo, o serviço militar) por imperiosas razões de consciência. Este direito é reconhecido pela Constituição da República Portuguesa e pela Resolução nº 337 da Assembleia Consultiva do Conselho da Europa, de 21 de Junho de 1967.

Recusar a tropa, numa altura em que a sobrevivência da humanidade exige a criação de uma dinâmica pacifista dos povos, capaz de deter a loucura da escalada armamentista que pode desembocar numa catástrofe nuclear, não é ser cobarde ou anti-patriota, é sim um verdadeiro acto de coerência ecológica.

(Publicado no boletim “Zimbro”, nº 5, Outuno de 1985)

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