sexta-feira, agosto 17, 2007

EDUDAÇÃO AMBIENTAL, EM QUINTA FECHADA?


Em 1992, subscrito por 34 associações de defesa do ambiente, entre as quais os Amigos dos Açores, foi aprovado em Évora o “ Contributo das Associações de Defesa do Ambiente para uma Estratégia Nacional de Educação Ambiental”. A proposta apresenta o objectivos gerais que por sua vez se desdobram em diversos específicos e o modo como estes objectivos são concretizados em diversas áreas.

Na área do acesso à informação, o objectivo proposto é o da criação de um sistema nacional de informação de Educação Ambiental que assegure a realização, avaliação e melhoria da estratégia e programas de acção de Educação Ambiental que é concretizado através de um serviço de informação em rede e da difusão da informação.

Potenciar a participação das populações locais na Educação Ambiental formal e não formal é o segundo objectivo geral. Para a sua concretização, aponta-se a criação de Centros de Iniciação ao Ambiente, bem como de Espaços Educativos de Suporte à Educação Ambiental e o estabelecimento de itinerários de descoberta.

No campo da investigação e experimentação, pretende-se incrementar a investigação e experimentação relativamente aos conteúdos, métodos pedagógicos e estratégias de organização e transmissão de mensagens para a educação ambiental. Os objectivos específicos relacionam-se com a investigação e experimentação sobre novas áreas e conteúdos da educação, a investigação no domínio da concepção, tratamento e difusão da mensagem ambiental e das estratégias adequadas no quadro dos valores e atitudes indispensáveis à respectiva transposição para a acção volitiva e concreta e por último, a investigação de formas de avaliação sobre as diferentes componentes do processo educativo.

Na área dos programas educacionais e materiais didácticos, sugere-se o incremento da Educação Ambiental, mediante a elaboração de programas de estudo e materiais didácticos para o ensino em geral. Para a sua concretização indica-se a necessidade de intercâmbio de informação sobre a elaboração de programas escolares, nomeadamente com outros países, a elaboração de programas escolares piloto e de novos materiais didácticos e a avaliação dos programas escolares e dos materiais didácticos.

No que diz respeito à Formação de Formadores, a promoção da sua formação inicial e complementar é outro dos objectivos prioritários, propondo-se a formação inicial e em exercício dos docentes, bem como a sua formação complementar e a formação específica de monitores, animadores juvenis e outros agentes educativos extra-escolares.

Não é descurado o sistema de formação profissional, nesta área é proposta a integração da dimensão ambiental no sistema de formação profissional através da elaboração de programas e materiais de educação e formação, da formação de pessoal docente e monitores, sensibilização dos orientadores de estágio e investigação aplicada.

A intensificação da informação e educação dos cidadãos em matérias relacionadas com o ambiente, através da utilização dos meios de comunicação e das novas tecnologias de comunicação e informação, é destacada. Para tal é proposto a elaboração de programas educativos acerca dos meios de comunicação e sua utilização, a utilização dos novos meios de comunicação e métodos pedagógicos activos, a criação de um banco de programas e materiais audio- visuais, a criação e utilização de exposições, conferências e museus e a formação de jornalistas.

Por último, a integração da dimensão ambiental no ensino universitário, não é esquecida. Assim, pretende-se a sensibilização das cúpulas universitárias, a criação e adaptação de currículos adequados aos objectivos da Educação Ambiental, integrando-os nas mais diversas áreas disciplinares, a reorientação do pessoal docente e formação de formadores, a cooperação institucional intra e inter- universitária e a intensificação de formas de investigação básica que possam promover a colaboração activa com níveis de ensino anteriores.

A iniciativa da Kairós de instalar em São Gonçalo, Ponta Delgada, um Centro de Educação Ambiental e Rural denominado “Quinta do Priôlo” não é mais do que a concretização de um dos objectivos gerais da proposta de Estratégia Nacional de Educação Ambiental elaborada pelas Associações de Defesa do Ambiente: “Potenciar a participação das populações locais na Educação Ambiental formal e não formal”. A Quinta do Priôlo, que será gerida pela Kairós, conta, desde já, para o seu funcionamento, com a colaboração dos Amigos dos Açores, uma das entidades promotoras do projecto, a participação activa do Serviço de Desenvolvimento Agrário de São Miguel e o financiamento da Secretaria Regional do Ambiente. No que diz respeito à Ecoteca de Ponta Delgada, ficará instalada no interior da Quinta do Priôlo, é da iniciativa da Direcção Regional do Ambiente, cabendo àquela associação, no âmbito de um protocolo a celebrar com aquela entidade, assegurar a sua gestão.

Para a concretização do referido objectivo, a associação Amigos dos Açores pretende, também, colaborar na gestão da Ecoteca da Ribeira Grande e no Projecto de Itinerários Ambientais, dinamizado pelo Clube de Ambiente da Escola EB 2,3 Gaspar Frutuoso. Promoverá, ainda, de acções de sensibilização nas escolas sobre a didáctica dos percursos pedestres e um conjunto de visitas de estudo/ percursos pedestres destinados a grupos de jovens de escolas da ilha de S.Miguel, bem como a jovens pertencentes a Associações Juvenis ou a grupos de Jovens ligados às Paróquias.

( Publicado no Açoriano Oriental, 12 de Março de 2001)

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