terça-feira, dezembro 30, 2008

Amigos dos Açores (da Terra) contra brinquedos de Guerra



Texto de um comunicado dos Amigos dos Açores (da Terra) publicado no Jornal Directo de 7 de Dezembro de 1987.

Uma visão de ambiente lata que se foi perdendo com o tempo e que terá valido a sua não aceitação como ONGA durante muitos anos.

domingo, novembro 30, 2008

Azorina ou Amigos dos Açores



No início da década de 80 do século passado funcionou, em Vila Franca do Campo, uma delegação do Núcleo Português de Estudo e Protecção da Vida Selvagem. Como já referimos no número anterior deste boletim, foram seus principais dinamizadores, o investigador universitário francês Gerald Le Grand e o Eng. Técnico Agrário Duarte Soares Furtado, em casa de cujos pais funcionou a sede daquela associação.

Mais ou menos por esta altura, foi decidida a criação de uma associação de defesa da natureza de carácter regional cuja denominação seria “Azorina”, tendo, inclusive, sido criados e editados alguns autocolantes.

Quando, em 1989, a direcção dos Amigos da Terra - Associação Portuguesa de Ecologistas, presidida por António Eloy “exigiu” que alterássemos o nome da associação a que, então, presidíamos e que se denominava Amigos da Terra/Açores, um dos nomes que foi sugerido foi o de Azorina. Na altura, foi contactado o Eng. Duarte Furtado que nos informou que uma docente universitária estava a tratar do processo de legalização da associação. Contactada esta, foi-nos dito que o processo estava em curso, pelo que não poderíamos usar aquela designação. Assim, a opção foi por Amigos dos Açores - Associação Ecológica.

quinta-feira, novembro 06, 2008

Os primórdios da espeleologia organizada em São Miguel

iniciou as suas actividades espeleológicas no primeiro semestre de 1988, tendo visitado as seguintes cavidades: Gruta do Carvão (Rua de Lisboa), Gruta do Carvão (Rua do Paim), Gruta do Pico da Cruz (Pico da Pedra), Algar Batalha (Fenais da Luz), Gruta da Canada das Giestas (Rabo de Peixe), Gruta das Escadinhas, Algar da Ribeirinha, Gruta da Quinta Irene, Gruta das Arribanas (Arrifes), Grutas das Queimadas (Arrifes), Gruta da Soledade (Fajã de Cima); Gruta do Pico do Enforcado (Capelas), Gruta do Livramento, Gruta da Candelária e Gruta do Esqueleto (Ribeira Grande).
Participaram nestas actividades iniciais Eduardo Pacheco Moniz, Francisco Botelho, George Hayes, Humberto Furtado Costa, João Luís Barreiro, João Vasconcelos, Lúcia Ventura, Manuel Resendes e Teófilo Braga.

Os primórdios da espeleologia organizada em São Miguel



Na foto podem ver-se (da esquerda para a direita:João Luís Barreiro, George Hayes, Lúcia Ventura, Humberto Furtado Costa, Virgílio Oliveira, actual presidente da Associação de Jovens Agricultores, e Henrique Resendes).

O início da exploração organizada em São Miguel teve lugar no primeiro semestre de 1988, tendo sido visitadas as seguintes cavidades: Gruta do Carvão (Rua de Lisboa), Gruta do Carvão (Rua do Paim), Gruta do Pico da Cruz (Pico da Pedra), Algar Batalha (Fenais da Luz), Gruta da Canada das Giestas (Rabo de Peixe), Gruta das Escadinhas, Algar da Ribeirinha, Gruta da Quinta Irene, Gruta das Arribanas (Arrifes), Grutas das Queimadas (Arrifes), Gruta da Soledade (Fajã de Cima); Gruta do Pico do Enforcado (Capelas), Gruta do Livramento, Gruta da Candelária e Gruta do Esqueleto (Ribeira Grande. Participaram nestas actividades, dos Amigos dos Açores, Eduardo Pacheco Moniz, Francisco Botelho, George Hayes, Humberto Furtado Costa, João Luís Barreiro, João Vasconcelos, Lúcia Ventura, Manuel Resendes e Teófilo Braga.

Já agora, a título de curiosidade, fica o registo que os primeiros capacetes foram capacetes de construção civil oferecidos pelo Sr. George Hayes.

quarta-feira, novembro 05, 2008

A ORIGEM DA CAMPANHA SOS- CAGARRO



Atavés da página web dos Amigos dos Açores fica-se a saber que a campanha SOS-cagarro foi criada em 1995 pelo Doutor Luís Monteiro, no âmbito do projecto LIFE “Conservação das comunidades de aves marinhas dos Açores”.

O que a maioria das pessoas não sabe é que esta campanha surgiu no seguimento de outras duas, também iniciativa do Doutor Luis Monteiro, que contaram com a colaboração activa dos Amigos dos Açores.

Assim, em Março de 1993 foi lançada a campanha "Um espaço para os garajaus" e em Novembro do mesmo ano a campanha "A Escola e o Cagarro", no âmbito da qual foi aplicado um inquérito, sobre a espécie, destinado a alunos das escolas, nomeadamente do 1º e 2º ciclos do ensino básico e distribuidos 10 mil folhetos.



Atavés da Consulta ao Projecto de Candidatura ficar-se-á a saber que a Direcção Regional do Ambiente colaboraria com o DOP na coordenação e execução das acções de conservação directa e participaria nas acções de inventariação e monitorização de espécies. Por seu turno, os Amigos dos Açores apoiariam as acções de conservação directa, nomeadamente informação e sensibilização, tendo entrado com uma comparticipação de mil setecentos e sessenta escudos.

T.Braga

domingo, novembro 02, 2008

Os Amigos dos Açores e os Universitários- Repor a Verdade

Na sua Tese de Mestrado, intitulada Participação Social e Práticas Ambientais: As organizações não governamentais de ambiente (ONGA) dos Açores, Fátima Silva escreve a dado passoo seguinte: "Veja-se por e.g. o caso da Gê-Questa que é fundada por universitários, bem como a Quercus Açores, os Amigos dos Açores e outras tantas associações".

Antes de tentar demonstrar que a afirmação da autora não está de acordo com a verdade dos factos, queria afirmar que considero que aquela tese é um trabalho de referência para o conhecimento do movimento associativo ambiental dos Açores, sendo merecedora de uma maior divulgação junto do grande público e de estudo e reflexão por parte dos activistas ambientais dos Açores.

Mas vamos ao que, por agora, nos interessa.

Se em relação à Gê-Questa nada há a apontar, em relação à Quercus acho que se deveria separar a Quercus-Terceira, do Núcleo de São Miguel da Quercus. Se em relação à Terceira não temos qualquer informação em contrário, no que diz respeito a São Miguel, o núcleo foi iniciativa da Direcção Nacional da Quercus que pretendia alargar a actividade da associação a todo o território nacional, tendo Viriato Soromenho Marques contactado com Teófilo Braga no sentido de liderar aquele núcleo e sugerido a transformação dos Amigos dos Açores em Núcleo da Quercus, sugestão esta que chegou a ser discutida e rejeitada no seio dos Amigos dos Açores. Aquando da presidência aberta de Mário Soares sobre ambiente, durante um jantar nas Furnas, Teófilo Braga voltou a afirmar a sua não intenção de liderar o núcleo dos Açores da Quercus e na altura apresentou Veríssimo Borges a Viriato Soromenho Marques.

No que diz respeito aos Amigos dos Açores, a afirmação também não está correcta. Com efeito da primeira direcção do então Núcleo dos Açores da Associação Portuguesa de Ecologistas- Amigos da Terra, eleita em 1985, fazem parte Teófilo Braga, professor do 3º ciclo do ensino básico e ensino secundário, Lúcia Ventura, estudante, e Luís Garcia, fotógrafo. A entrada de um universitário para a direcção dos Amigos dos Açores só se verifica em 1993, através de Luís Silva.

Alterações Globais - Alterações Regionais

A nível mundial, fala-se actualmente, e com muita frequência em ALTERAÇÕES GLOBAIS NO NOSSO PLANETA, alterações estas, causadas pelas actividades humanas. Apesar de ainda existirem cépticos, que põem em causa a existência real de tais acontecimentos, sugerindo que se trata de flutuações naturais, a globalidade da comunidade científica e um cada vez maior número de cidadãos, encontram-se preocupados com essas alterações. A continuar o nosso comportamento no mesmo sentido que tem vindo a seguir nos últimos séculos, ninguém pode prever, qual a evolução futura do planeta.

ALTERAÇÕES GLOBAIS

Alterações na composição da atmosfera.

Verifica-se actualmente um aumento da concentração de gases com efeito de estufa, que poderão levar a um aumento da temperatura atmosférica, como sejam. dióxido de carbono, metano, óxidos de azoto, clorofluorcabonetos, etc. O efeito de estufa consiste na captura do calor solar pela. atmosfera terrestre, sem que ocorra a sua subsequente libertação para o espaço (efeito semelhante ao provocado pelos vidros de uma estufa), e é causado pela acumulação dos referidos gases, que permitem a passagem da radiação solar, mas que impedem que o calor seja irradiado para o espaço, fazendo aumentar a temperatura da atmosfera, provocando o aquecimento global do planeta e possíveis alterações climáticas. O gás com maior importância para este processo, o dióxido de carbono, é emitido à taxa de 1,1 toneladas por habitante, por ano (através da queima de combustíveis fôsseis, que lança para a atmosfera mais de 3,3 biliões de toneladas de carbono. (1). Este problema é acentuado pela destruição das florestas, que absorveriam uma parte do dióxido de carbono, essencial para a fotossíntese (isto é, para o crescimento das plantas). Infelizmente, a floresta tropical está a desaparecer ao ritmo de 250 mil quilómetros quadrados por ano. Mantendo-se a taxa actual de diminuição do coberto florestal, todas as florestas desaparecerão dentro de 50 anos. Aos milhões de toneladas de carbono, libertadas actualmente para a atmosfera pela utilização de combustíveis, soma-se mais cerca de 1 bilião de toneladas por ano, resultantes da destruição da floresta (1). Caso a temperatura média da Terra suba 5 ou 6 graus Celsius, os gelos polares fundir-se-ão. Tal facto provocaria a subida do nível médio das águas dos oceanos, de modo que grandes áreas continentais seriam submersas. Até ao ano 2050, a terra poderá aquecer, em média, entre 2 e 4,5 graus Celsius (1). Como consequência, as produções de trigo, milho e arroz (principal alimento de três quintos da população) serão afectadas. O padrão das precipitações alterar-se--ia em todo o mundo, em 2100 a precipitação anual em Portugal poderia sofrer uma redução de 60% (2). Pode-se falar já de um aumento da temperatura média entre 1975 e 1990, embora aquele não atinja um grau Celsius.
Uma outra alteração na composição da atmosfera é a rarefacção da camada de ozono (situada entre os 20 e os 40 km acima da superfície), causada pelos clorofluorcarbonetos que são actualmente um constituinte da atmosfera de todo o planeta. É a camada de ozono que nos protege de certas radiações solares na banda dos ultravioletas, nocivas para o Homem. A importância do ozono reside no facto de que as suas moléculas absorvem uma parte significativa das radiações ultravioletas mais energéticas ( os chamados UV-B). As consequências mais directas na saúde humana podem ir de lesões na pele ou nos olhos (cataratas), e da diminuição da resistência às infecções, até ao cancro da pele. A fauna será afectada de modo semelhante. A produtividade das culturas poderá diminuir e, tanto o zooplântcton como o fitoplâncton (animais e plantas, em geral de dimensões microscópicas, que vivem nas camadas superficiais dos oceanos), base das cadeias alimentares marinhas, serão afectados. A rarefacção da camada do ozono será negativa para todos os seres vivos e para todos os ecossistemas. Duas zonas apresentam uma diminuição importante da camada de ozono, as regiões polares. No entanto, dados recentes apontam para uma redução do ozono no Hemisfério Norte, o que poderá afectar regiões populosas como o Canadá, os Estados Unidos e o Norte da Europa. A perda de ozono desde 1978 poderá atingir perto de 5% (3). A rarefacção da camada de ozono pode ser observada à latitude a que se situa Portugal, embora seja de apenas 3%, o que é pouco quando comparado com as regiões polares, onde se chega a registar uma diminuição sazonal da ordem dos 20% (2).
Uma terceira alteração, consiste no aumento da concentração dos óxidos de enxofre e de azoto, emanados pelas combustões domésticas e industriais, e pelos motores de combustão. Estes gases combinam-se com a água na atmosfera, formando ácido sulfúrico e ácido nítrico, o que origina chuvas ácidas, que afectam florestas( destruindo a folhagem) e lagos na América do Norte e no Norte da Europa ( provocando a morte dos lagos).
Nas primeiras décadas do próximo século serão, provavelmente conhecidas as primeiras consequências da alteração na composição atmosférica, iniciada com a revolução industrial.

Alterações nos sistemas oceânicos

As alterações nos sistemas oceânicos, que cobrem 70% da superfície do globo, são causadas por vários processos. Ao nível da composição química do meio marinho, verifica-se a introdução de substâncias estranhas, como ocorre nas marés negras, (as marés negras têm vindo a tornar-se. assustadoramente frequentes), na limpeza de navios no alto mar Ou, ultimamente. através da introdução, acidental ou premeditada, de metais pesados e de "lixo radioactivo". Por exemplo, por ano a Europa lança no mar um milhão de toneladas de lixos perigosos (2), sendo os rios com elevados níveis de poluição, um veículo importante para essas contaminações. Ao nível dos ecossistemas marinhos, as alterações devem-se a uma pesca abusiva, tanto de peixes e crustáceos; como de mamíferos marinhos, à destruição de muitos recifes de coral, à descaracterização completa de muitas zonas litorais (sistemas de dunas, "rias", estuários e zonas de marés), devido a uma urbanização não planificada e ao lançamento de esgotos industriais e domésticos sem qualquer tratamento. Os problemas agravam- se em mares com uma comunicação limitada com o oceano, como o Mar Mediterrânico e o Mar Báltico, e ultimamente, no Golfo Pérsico.

Alterações na ocupação do solo

O solo constitui o capital mais precioso de que o homem dispõe para a satisfação das suas necessidades. São necessários cerca de 300 anos para formar 3 centímetros de solo arável, no entanto, uma gestão descuidada pode eliminá-los em apenas dez anos. Além disso, se o solo não estiver protegido, uma tempestade pode remover essa camada em algumas horas (4). Em todas as zonas onde as árvores desapareceram, o solo empobreceu. Calcula-se que 700 milhões de hectares de terra de cultivo ( metade do total) se encontrem degradadas (5).
Nos próximos quarenta anos e devido à erosão dos solos, ficarão provavelmente perdidas cerca de 30% das terras cultiváveis(2), que constituem menos de um quarto das terras do planeta(1). A erosão destrói, anualmente, em Portugal, 16.4 toneladas de solo por hectare. No início da década de 80, avaliaram-se em seis milhões de hectares as superfícies que anualmente se desertificavam. A destruição de florestas tropicais e temperadas, e a conse¬quente redução da sua área, o aumento da desertificação, o aumento da extensão das terras de cultivo e para exploração florestal (com espécies de crescimento rápido) e das áreas dedicadas ao apastamento, as alterações no curso dos rios para a construção de barragens e diques, a desflorestação das margens e a consequente degradação das bacias fluviais, são algumas das alterações a este nível. Por outro lado, muitas formas de uso do solo, como a intensificação das aplicações de adubos químicos e de pesticidas, levaram à contaminação das reservas de água potável (lençóis freáticos) e de muitas zonas húmidas (lagos).

Alterações dos ecossistemas por introdução de espécies exóticas

É um problema grave, que pode originar grandes prejuízos económicos, para alem da degradação de ecossistemas naturais. Espécies que evoluíram em locais diferentes daqueles em que são introduzidas, encontram-se num meio onde não existem os seus inimigos naturais (predadores, parasitas, doenças, espécies competidoras), que no seu local de origem, regulavam a sua abundância, ou seja, impediam a sua proliferação ilimitada. Desde que encontrem, no seu “novo” habitat, condições climatéricas e nutrientes ou alimento disponíveis, podem expandir-se sem controlo, constituindo uma ameaça para as outras espécies. Por exemplo, no Hawai, a introdução acidental de várias espécies de roedores, levou à introdução sistemática de um pequeno mamífero carnívoro, o mangusto, por ser um caçador diurno, não teve uma acção eficaz no controlo dos roedores e, pior do que isso, constitui uma ameaça para as espécies de aves que nidificam ao seu alcance. Temos também, o caso de uma pequena árvore, natural dos Açores, a faia (Myrica faya), que foi introduzida no Hawai, no fim do século passado, por emigrantes portugueses, tendo-se tornado uma invasora nas florestas endémicas do Hawai e sendo considerada uma infestante, a combater por todos os meios, Exemplos desta natureza abundam nos quatro cantos do mundo.

Diminuição rápida do número de espécies

No passado geológico, já ocorreram vários episódios de extinção de espécies (quem nunca ouviu falar da extinção dos Dinossauros?) mas, actualmente, a taxa de extinção é muito mais elevada do que em qualquer desses períodos. No passado, as extinções ocorriam ao longo de milhões de anos, actualmente decorrem em séculos ou décadas. Esta modificação da Biosfera é das mais preocupantes, pois, uma vez extinta, uma espécie estará perdida para sempre, isto é, trata-se de uma alteração irreversível Foram necessários milhares de milhões de anos para se alcançar a diversidade de espécies existentes no planeta Terra. Unicamente devido à destruição de habitates provocada pelo homem, estima-se que desapareça uma espécie por dia(4).
No próximo século, os dias serão mais quentes, os solos mais áridos, a precipitação menos abundante, a humanidade continuará a aumentar em flecha nas zonas mais pobres do mundo(2), a diversidade biológica diminuirá. A chamada “Bomba P”, o aumento da população poderá ter, a prazo, efeitos muito perniciosos na qualidade do ambiente. Há quem ponha a seguinte questão: se o conjunto da humanidade vivesse de acordo com o modelo de sociedade, adoptado pela população mais rica do planeta (países industrializados) então, 1500 milhões seria, teoricamente, o número máximo de seres humanos suportados pela Terra, sem destruir por completo o equilíbrio ecológico. No século passado (XIX), existiam cerca de 1000 milhões de seres humanos. Neste. momento, a população humana ultrapassa já os 5000 milhões, será portanto legitimo incutir nos habitantes dos países em desenvolvimento, a crença de que poderão no futuro atingir o modelo da sociedade industrializada? No ano 2000 existirão, no Terceiro Mundo, 295 cidades com mais de 1 milhão de habitantes e mais de 138 nos países industrializados. Por essa data, 50% da população mundial estará concentrada sobre menos de 0,4% da superfície dos continentes (1).

ALTERAÇÕES REGIONAIS – AÇORES

A nível da atmosfera

Devido à circulação atmosférica, sofreremos ,inevitavelmente, os efeitos do aumento da concentração do dióxido de carbono na atmosfera. Por outro lado, estamos a contribuir para o aumento da concentração de metano, através da criação de gado. A diminuição da camada de ozono, ainda não nos afecta directamente, já que, uma rarefacção de cerca de 3%, como a que ocorre às nossas latitudes, está ainda longe da rarefacção verificada no Antárctico, cerca de 20%. É de salientar o facto de que existe a possibilidade de que vários químicos, resultantes de actividades industriais inexistentes neste arquipélago, ainda tenham chegado por transporte atmosférico.

Alterações no Oceano

Muitas das zonas de mares têm sido ameaçadas, pela extracção de areais, pelo vazamento de lixos na costas das ilhas (6,7,8), pela exploração abusiva de certos recursos, como as lapas, as lagostas, e outros mariscos. Certas espécies de peixes, como o mero poderão estar ameaçadas, não se conhecendo em concreto qual o impacto da pesca artesanal, da pesca à linha e da caça submarina. Muitas espécies ainda existentes na época de Gaspar Fructuoso, já não se encontram nestas costas. As aves marinhas, nomeadamente o cagarro (Puffinus puffnus), o corvo-marinho (Phalacrocorax carbo), a cagarro (Calonectris diomedea borealis)e o garajau (Sterna hirundo e Sterna dougallii) (4), estão também ameaçadas, existindo provas de que estas espécies continuam a ser caçadas pelos habitantes destas ilhas. As zonas de descanso e nidificação destas aves têm diminuído muito. Quanto aos mamíferos, o lobo-marinho, Monachaus monachaus, ainda existente nas Selvagens, já desapareceu há muito destas águas. Em geral, a fauna marinha no início do povoamento português era mais abundante e diversificada do que actualmente (4).

Introdução de espécies exóticas.

Esta é flagrante, e inclui, desde insectos até mamíferos, assim como numerosas plantas, algumas das quais parecem ter até alguma importância cultural, como o incenso e vindo da Austrália (Pittosporum undulatum), utilizado na formação de sebes, e com um perfume muito apreciado, cobre grandes superfícies em todas as ilhas) e a conteira (Hedychium garderanum) ou roca da velha, proveniente dos Himalaia , utilizada como ornamental, e até para embrulhar o queijo branco (7), mas que se apresentam, realmente, como invasoras muito agressivas que alteraram por completo a paisagem açoriana. De facto, para se penetrar no que resta do faial é necessário utilizar uma foice para cortar a densa barreira de conteira. Por outro lado, em muitas zonas costeiras, a cana (Arundo donax) apresenta-se como dominante. Chega-se até ao ponto de colocar, em tocais frequentados por grande número de pessoas, grandes fotografias de áreas cobertas por conteira ou por criptoméria, como se estas constituíssem já, um ponto de interesse turístico. Será, no entanto, mais prudente não esquecer que as plantas invasoras colocam em risco os nossos frágeis ecossistemas insulares (13,8). O combate a estas infestantes afigura-se muito difícil devido à extensão já invadida e a características inerentes às próprias plantas. Devia procurar-se, no entanto impedir o seu alastramento a zonas ainda não atacadas, assim como o alastramento de outras, plantas que ainda podemos controlar, talvez sem grandes dispêndios de capital, como a Gunera ou Gigante (Gunnera tinctoria), originária do Brasil (6), que escapou do jardim das Furnas, existindo actualmente no Salto do Cavalo, alguns alqueires revestidos exclusivamente por esta planta. Existem pessoas que a plantam, em vasos, inocentemente, facilitando a sua dispersão. para a zona ocidental de São Miguel. A hortênsia (Hydrangea macrophylla) nem parece ser originária do Japão (13), de facto, são plantas como esta, que não pertencem ao património natural dos Açores, as primeiras a serem replantadas, sendo-lhes estranho o estatuto de infestantes.
Deve salientar-se que a floresta endémica, porque menos exigente em água, e por ser responsável pelo abastecimento. dos. Reservatórios de água subterrâneos (7) contribui para a conservação, dos recursos hídricos. Por outro lado, convém não esquecer o seu interesse estético e científico.
Ao nível, das aves, encontramos o exemplos do Pardal, Passer domesticus, introduzido nestas ilhas, e que constitui já uma ameaça para o canário-da-terra, Serinus canarius canarius (14).
No que se refere aos mamíferos, as espécies açorianas pertencem à fauna da Europa temperada, tendo sido introduzidos, voluntária ou involuntariamente, pelos colonizadores (15), incluindo o morcego do Norte da Europa. Do mesmo modo, a rã, o tritão (anfíbios) e a lagartixa (réptil) foram também introduzidos. O mesmo sucedeu com as sanguessugas (vermes) (15). Saliente-se o caso do tritão de crista que, embora introduzido., não é considerado nocivo para os ecossistemas' açorianos, sendo talvez uma espécie a preservar, uma vez que as populações europeias deste anfíbio se encontram ameaçadas devido à pressão humana (11).

Diminuição do número de espécies

A vegetação costeira, que apresenta várias espécies endémicas, está em perigo, os lixos e os entulhos estão a destruir quilómetros de costa (13). O faial onde domina a faia¬da-terra (Myrica faya) cobria vastas áreas de baixa altitude e que originou os solos de melhor aptidão agrícola, está completamente destruído e as espécies que o .constituíam em perigo de extinção. A flores de média altitude, a LaurissiIva, dominada pelo louro-bravo (Laurus azorica) apresenta uma distribuição muito restrita, sendo já muito rara. Nas zonas de maior altitude a floresta de cedro-da-terra, o Zimbral; é o coberto florestal melhor representado. A destruição destes tipos de associações vegetais levará ao desaparecimento de muitas espécies de plantas endémicas.
Por outro lado, algumas espécies da flora aquática regionais estão ameaçadas devido. ao avançado estado de eutrofização de algumas lagoas e lagoeiros (16).
Ao nível das aves, o Priôlo, Phyrrula murina, ave endémica deste arquipélago, encontra-se ameaçado de extinção. No século passado era uma espécie abundante na parte oriental da ilha de São Miguel. Foi vítima de aplicações de DDT em árvores de fruto, e da redução da área de Laurissilva (14). O pombo torcaz, Columba palumbus azorica, também se encontra ameaçado, o seu efectivo é reduzido.(12), tendo decorrido uma campanha que levou a obtenção do estatuto de espécie protegida (16). O pombo torcaz é uma subespécie, endémica deste arquipélago, perseguida pelos caçadores, embora ao abrigo. da Lei da caça (12), e ameaçada pela modificação da paisagem e pelos pesticidas. Há 250 anos ma outra espécie de pombo, ligado à floresta de louro extinguiu-se, devido à caça excessiva e à destruição do seu habitat particular. Por razões semelhantes, a narceja (Gallinago gallinago) e a galinhola (Scolopax rusticola), espécies nidificantes nos Açores, apresentam efectivos muito reduzidos(9), assim como uma ave migratória, o pato real (Anas platyrhynchos), que nidificava em S. Miguel, nas zonas húmidas. O próprio Milhafre, Buteo buteo, foi afectado nos locais onde se efectuaram campanhas de desratização(11). De um modo geral o desrespeito pela lei da caça está a levar à destruição da riqueza cinegética dos Açores (9).
Por outro lado, muitos dos locais onde nidificavam aves marinhas são perturbados pele acção humana, como acontece no ilhéu de Vila Franca do Campo (São Miguel), no ilhéu de Baixo do Moinho (Flores) e no ilhéu da Praia (Graciosa), locais onde é imperativo que se tomem medidas de consciencializa¬ção dos seus frequentadores, no sentido de respeitarem as aves marinhas que ai se reproduzem. Também não se compreende que haja indivíduos capazes de massacrar garças-reais e cagarros, embora atentados como esses ainda sucedam actualmente. Muitos cagarros são mortos no ilhéu de Vila Franca, e os seus ninhos violados para fazer petiscos (16). A ameaças do mesmo género estão sujeitos os garajaus do ilhéu da Vila (Santa Maria) (11, 17). Lamenta-se e condena-se a apanha de toninhas, tartarugas e cagarros (11). A perturbação pelo homem é a maior ameaça ao garajau rosado e ao garajau comum, durante o período reprodutor (11). O seu número está a diminuir assustadoramente devido à poluição do mar e à destruição dos ovos (18).

Alterações na ocupação dos solos

Nestas ilhas, o solo é um bem escasso, de difícil e longa recuperação, no entanto,. tem-se assistido à perda de toneladas de solo. Os terrenos dedicados às pastagens têm vindo a aumentar progressivamente. A chamada "monocultura da vaca", o derrube de árvores, a abertura de caminhos de penetração, levou a uma maior erosão do solo e à redução da infiltração da água das chuvas (6) e facilitou a dispersão de muitas infestantes. Como consequência temos a perda da quase totalidade das zonas de floresta endémica: nas zonas costeiras, no faial e em altitude, onde ocorria a laurisilva. Em 1984 a área coberta por floresta era de apenas 10% nos Açores. Os especialistas afirmam, no entanto que, ao nível insular, a floresta assume um papel fundamental na protecção dos solos e na melhoria da sua qualidade, na regularização dos caudais das principais linhas de água, na conservação dos recursos hídricos e no abrigo de terrenos de cultura, contribuindo além disso para o enriquecimento da fauna e da flora(6,9). A situação problemática das águas de consumo público e as carências de água em algumas áreas, são o reflexo da irregularização do regime hídrico regional (9) Do mesmo modo, grandes extensões foram ocupadas por plantações de criptoméria (Cryptomeria japonica). Algumas das mais “belas” paisagens açorianas não são mais do que áreas cobertas por criptoméria. Mesmo em volta de muitas lagoas, a floresta endémica não foi poupada, o que tem as consequências que todos conhecemos: aumento da deposição de sedimentos e eutrofização das lagoas. A floresta tem um papel importante na regularização do ciclo hidrológico, o seu abate em bacias de recepção de água leva a um regime hídrico indesejável e a uma degradação da qualidade da mesma (10). Será realmente necessário aumentar ainda mais a zona de pastagem? Essa prática aumentará de facto a qualidade de vida dos Açorianos? Há também a extracção das leivas, inclusivamente, em plena Reserva Natural da Lagoa do Fogo, que facilita a erosão dos terrenos (11). Só a floresta endémica, ou um compromisso entre as áreas de floresta endémica e as áreas de floresta de crescimento rápido, poderá recuperar os solos, aumentando a sua produtividade.
Por outro lado a fertilização azotada, com base em adubes químicos, muitas vezes utilizados em excesso, é responsável pelo excesso de nitratos nos solos, o que pode levar à contaminação das águas subterrâneas, do mesmo modo que os esgotos urbanos e pecuários, quando lançados em ribeiras ou no subsolo (7,12). Estes excessos levam também à degradação da qualidade das águas das lagoas da ilha de S. Miguel (11) bem como as lagoas de outras ilhas, para o que contribuíram os arroteamentos de vastas áreas arborizadas para o alargamento da superfície agro- pastoril, e o uso descontrolado de adubos e pesticidas.
Embora não se tratando propriamente de alterações no solo, não posso deixar de referir os atentados ao património espeleológico (grutas e algares vulcânicos) e geológico (destruição de formações vulcânicas raras, como sejam vários tipos de cones vulcânicos).
A imagem dos Açores como paraíso ecológico está a desaparecer rapidamente, devido à exploração desenfreada dos recursos naturais. As alterações causadas nestes ecossistemas são mais do que evidentes, conhecendo-se e com exactidão as suas consequências para o. nosso futuro. Mas, esta incerteza é por si só, suficiente para nos preocuparmos. A contaminação das nascentes, a eutrofização, das lagoas, e a ausência de tratamento adequado dos resíduos sólidos urbanos, são problemas que exigem uma tomada de posição de todos os cidadãos conscientes. Pelo menos, devíamos dirigir os nossos esforços para conservar os poucos vestígios de floresta endémica, as, lagoas, únicas em toda a Macaronésia e procurar respeitar as zonas litorais. De outro. modo, o que será destas "ilhas de Bruma"? Nada mais do que pastos verdejantes, e sinuosos contrastando com o azul etéreo do mar e o céu cinzento carregado; mas poderíamos ter muito mais... O que nos caracterizará então, quando tivermos perdido o que nos diferencia de outros locais e povos? Já ninguém virá aos Açores para visitar a Laurissilva ou as Lagoas, mas sim para fotografar plantas vindas da Austrália ou dos Himalaias. O que será dos açorianos, como se definirão a si próprios?

BIBLIOGRAFIA

1- Antunes, C. P. Juquin, P. Kemp, I. Stengers, W. Telkamper e F. Ottowolf, 1990. Ecosocialismo, Uma Alternativa Verde para a Europa. Divergência, Lisboa.
2- O Público, Magazine, nº 147, 27/12/1992.
3- O Biólogo, Associação Portuguesa de Biólogos, nº21, Outubro a Dezembro de 1992.
4- Vidália, Boletim dos Amigos dos Açores- Associação Ecológica, nº 9, Janeiro- Abril de 1992.
5- Zimbro, Boletim dos Amigos da Terra- Açores, nº 16, Agosto- Outubro de 1987.
6- . Zimbro, Boletim dos Amigos da Terra- Açores, nº 12, Dezembro de 1986- Janeiro de 1987.
7- . Zimbro, Boletim dos Amigos da Terra- Açores, nº 14, Abril- Maio de 1987
8- Vidália, Boletim dos Amigos dos Açores- Associação Ecológica, nº 8, Outubro- Dezembro de 1991.
9- Vidália, Boletim dos Amigos dos Açores- Associação Ecológica, nº 0, Junho de 1989.
10- Vidália, Boletim dos Amigos dos Açores- Associação Ecológica, nº 1, Outubro- Dezembro de 1989.
11- Vidália, Boletim dos Amigos dos Açores- Associação Ecológica, nº 10, Maio- Dezembro de 1992.
12- Vidália, Boletim dos Amigos dos Açores- Associação Ecológica, nº 4, Setembro- Dezembro de 1990.
13- Zimbro, Boletim dos Amigos da Terra- Açores, nº 19, Março- Abril de 1988
14- Vidália, Boletim dos Amigos dos Açores- Associação Ecológica, nº 2, Janeiro- Abril de 1990.
15- Vidália, Boletim dos Amigos dos Açores- Associação Ecológica, nº 3, Maio- Agosto de 1990.
16- Vidália, Boletim dos Amigos dos Açores- Associação Ecológica, nº 6, Abril- Junho de 1991.
17- Zimbro, Boletim dos Amigos da Terra- Açores, nº 7, Janeiro- Fevereiro de 1986.
18- Zimbro, Boletim dos Amigos da Terra- Açores, nº 17, Novembro- Dezembro de 1987.

(Texto de Luís Siva, extraído de Terra Mãe, Suplemento do Jornal A Vila, 3 de Agosto de 1993)

quinta-feira, outubro 30, 2008

Liga de Amigos da Lagoa do Fogo



A Reserva Natural da Lagoa do Fogo, localizada na Ilha de São Miguel, foi instituída em 1974. Ao longo dos últimos 15 anos a paisagem observada no miradouro de acesso à Lagoa tem-se alterado. De facto, embora seja actualmente classificada como Sítio de Importância Comunitária, a Reserva Natural já não corresponde à visão idílica do passado.
A quantidade e variedade de plantas invasoras têm aumentado de modo contínuo. Numa breve descida à lagoa é possível encontrar uma espécie de margarida (Erigeron karwinskianus), dezenas de criptomérias (Cryptomeria japonica), dispersas e de variados tamanhos, formações de conteira (Hedychium gardneranum) com diferentes dimensões, um elevado número de fetos arbóreos (Sphaeropteris cooperi), várias árvores jovens de verdenaz (Clethra arborea), que já não é uma invasora apenas localizada na zona leste da ilha, acácia (Acacia melanoxylon), um arbusto semelhante aos brincos-de-princeza (Leycesteria formosa), com as suas bagas vermelhas com numerosas sementes, disponíveis para as aves transportarem, e até o incenso (Pittosporum undulatum). Existem também várias espécies nitidamente introduzidas acidentalmente pelos visitantes, nomeadamente nespereira, araçazeiro e macieira. Para além disso, existe também uma espécie invasora aquática (Egeria densa) muito conhecida na Lagoa das Sete Cidades. Existem ainda plantas ruderais, comuns em zonas sob forte influência humana, como a avoadeira (Conyza bonariensis) e a erva mole (Holcus lanatus), a invadir vários habitats, incluindo zonas húmidas.
Nestas condições, a Lagoa do Fogo está a tornar-se, gradualmente, numa reserva de espécies invasoras. É necessário travar este processo de um modo célere e sem hesitações. Todos temos obrigação de participar, e ninguém deve esperar que os outros resolvam este problema, em especial as comunidades mais próximas. Surgiu, assim, a ideia de organizar um movimento cívico, com o único e, a nosso ver, importante objectivo de travar este processo degenerativo.
Este movimento iniciará as suas actividades com a realização de uma acção simbólica, no próximo mês de Novembro.

Ponta Delgada, 29 de Outubro de 2008,

Luís Silva
Diogo Caetano
José Pedro Medeiros
Luís Noronha Botelho
Maria Manuela Livro
Lúcia Ventura
Eva Lima
Teófilo Braga

sexta-feira, outubro 10, 2008

Morreu o defensor do Ambiente: Veríssimo Borges





Veríssimo de Freitas da Silva Borges, de 60 anos, biólogo, ex-Presidente e membro do Núcleo de S. Miguel da Associação Nacional de Conservação da Natureza - QUERCUS, e empresário, faleceu anteontem de manhã no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada.

Vítima de doença prolongada, a sua morte apanhou de surpresa muita gente e quem o conhecia é unânime em afirmar que o ambientalista sempre teve o Ambiente como primeira força de trabalho. Pensava na sua terra e na defesa do património ambiental, quer seja das lagoas [foi um crítico feroz das soluções apresentadas pelos vários governos], quer seja pela separação do lixo e/ou limpeza da orla marítima.

Em todas as causas ambientais, Veríssimo Borges teve sempre uma palavra a dizer, e as Portas do Mar, por exemplo, não escaparam à sua intervenção, principalmente por temer que com a subida da água do mar aquela zona seja uma das que possa conhecer as consequências e submergir, tal como Al Gore o prognostica para outros pontos do globo.

Certo é que o reconhecido ambientalista, além das fronteiras das ilhas, foi um defensor acérrimo das belezas naturais deste arquipélago e uma voz persistente e insistente na defesa do Ambiente desta terra. Foi também membro dos Amigos dos Açores e do SOS-Lagoas.

Querendo sempre estar na vanguarda do saber na área ambiental, Veríssimo Borges estava a fazer Mestrado em Educação Ambiental do Departamento de Ciências Agrárias/Departamento de Ciências da Educação do Campus de Angra do Heroísmo, na Universidade dos Açores, sendo colega de Teófilo Braga, dos Amigos dos Açores, que sobre a morte do ambientalista referiu no Blogue "Terra Livre": "o movimento ambientalista dos Açores perdeu uma das suas vozes mais importantes", esperando que "outros se levantem e não se deixem silenciar pelos poderes instalados".

Pedro Carteiro, da QUERCUS, por sua vez, destaca o óptimo profissional que era Veríssimo Borges. "Era um ser humano dedicado e empenhado". Recordando os tempos em que conviveu com o colega, sublinha a força de vontade e de querer do mesmo. "Só posso classificá-lo como uma excelente pessoa" afirma ao DA, acrescentando, "era uma pessoa determinada e um trabalhador incansável, com uma capacidade de trabalho indescritível". Acima de tudo, no entender de Pedro Carteiro, Veríssimo Borges foi em vida uma pessoa que acreditava no seu trabalho e que depositava muitas expectativas naqueles com quem trabalhava e com quem convivia diariamente. Também o Bloco de Esquerda, partido que o ambientalista se apresentava a estas eleições legislativas regionais, como independente, cancelou a sua campanha, por 24 horas. A coordenadora do BE /Açores, Zuraida Soares, adiantou à agência Lusa que Veríssimo Borges, "era acima de tudo um grande amigo", acrescentando que o partido decidiu suspender toda a actividade política programada para anteontem.

Segundo Zuraida Soares, Veríssimo Borges estava na lista do partido como independente, com o objectivo de "contribuir para a eleição de uma representação bloquista" para o parlamento açoriano. Também Carlos César ao Diário dos Açores lamentou "a perda de um amigo". O candidato do PS às eleições regionais afirmou que conhecia Veríssimo Borges desde a infância. Como tal, o seu falecimento representa, para o líder "rosa", "em primeiro lugar, a perda de um amigo com quem partilhei muitas lutas e com quem estabeleci muitas cumplicidades". O presidente do Governo Regional, actualmente em suspensão de funções, sublinhou mesmo que Veríssimo Borges foi um militante por muitas causas, todas elas desenvolvidas com muita paixão, no sentido interventivo. No entender de Carlos César, Veríssimo Borges é alguém que faz falta nos Açores, tendo endereçado palavras de solidariedade e pesar à família do extinto.

Também Berta Cabral destacou ao nosso jornal a autenticidade de Veríssimo Borges. "Tive a oportunidade de privar com Veríssimo Borges. Ele exerceu funções como representante da QUERCUS. Foi uma pessoa autêntica." De acordo com a autarca da Câmara Municipal de Ponta Delgada, em suspensão de mandato, Veríssimo Borges era "uma pessoa que defendia com toda a convicção os valores ambientais da nossa Região". Um aspecto que tinham em comum, refere Berta Cabral ao "Diário dos Açores". A agora candidata a deputada pelo PSD afirma que "sempre nos entendemos muito bem porque consideramos que é fundamental defender o nosso ambiente, que tem um valor inestimável e que é uma mais-valia enorme do ponto de vista turístico e do ponto de vista do desenvolvimento sustentável dos Açores". Berta Cabral diz mesmo que o falecido "foi um homem que morreu de pé”, e como tal presta-lhe homenagem. Nas palavras de Berta Cabral, "até à última, até quando pôde e conseguiu raciocinar e lutar, ele defendeu sempre os seus ideais". E finaliza a autarca, "presto-lhe a minha homenagem. Ele ficará para sempre na nossa memória".

(In Diário dos Açores)

quarta-feira, outubro 08, 2008

Veríssimo Borges


Hoje, faleceu Veríssimo Borges, membro dos Amigos dos Açores, durante algum tempo dinamizador do SOS-Lagoas e Presidente do Núcleo de São Miguel da Quercus.

sábado, setembro 13, 2008

Amigos dos Açores Renovam-se

Decorreu hoje,13 de Setembro de 2008, na Escola das Laranjeiras em Ponta Delgada, a Assembleia Geral Extraordinária dos Amigos dos Açores - Associação Ecológica que, na sequência da demissão da anterior direcção, elegeu os órgãos sociais para completar o biénio 2007-2009.

Os novos corpos sociais têm a seguinte composição:

Direcção
Nome

Presidente
Sérgio Diogo Caetano

Secretário
Gilda Pontes

Tesoureiro
Eduardo Santos

Vogal
Eva Almeida Lima

Vogal
Jorge Cardoso

Suplente
Lúcia Ventura

Suplente
José Pedro Medeiros




Conselho Fiscal


Presidente
Emanuel Ponte

Secretário
Arlinda Fonte

Vogal
Norberto Carreiro

Suplente
Nuno Pimentel

Suplente
Catarina Furtado




Assembleia Geral


Presidente
Teófilo José Soares de Braga

Vice-Presidente
Maria Manuela Borges Livro

Secretário
Mário José Coelho Furtado

Suplente
Eduardo Almeida

Suplente
José Melo

quinta-feira, setembro 11, 2008

Ontem, Protesto Original. Hoje, Acto Terrorista



A 12 de Julho de 1983 estava anunciado o lançamento de resíduos radioactivos no Oceano Atlântioc por parte de navios ingleses. Na ilha Terceira alguns membros do Grupo Luta Ecológica, entre os quais me encontrava, e outras pessoas com preocupações ecologistas, como o Vitor M. e o Duarte M., decidiram protestar, lançando lixos produzidos pelos americanos, que foram colher num vazadouro na Praia da Vitória,no cemitério dos ingleses, na referida localidade.

A divulgação do acto foi feita através de um texto muito curto, que abaixo apresentamos, e foi divulgada pela comunicação social por um jornalista da RDP(penso que o Rui Rodrigues, já falecido.



Apresenta-se,também,uma cópia do boletim "Ecologia", publicado no mês seguinte, em que o assunto volta a ser referido.

sábado, agosto 09, 2008

20 de Agosto de 1989- Em Memória de Humberto Furtado Costa



(Na foto, em primeiro plano, o Humberto, em 1988, na Gruta das Escadinhas- Ribeirinha)

No próximo dia 20 de Agosto, fará 19 anos que o Humberto nos deixou, com apenas 38 anos de idade.

Grande adepto do pedestrianismo, o Humberto percorria todos os recantos da ilha a pé, muitas vezes sem qualquer pessoa a o acompanhar.

Uma das suas grandes preocupações era com a decadência da agricultura açoriana,que desde então não tem parado, e com a destruição da floresta.


Nascido a 3 de Novembro de 1950, no ano de 1987 foi eleito membro da Direcção do Núcleo dos Açores dos Amigos da Terra e nos anos de 1988 e 1989,foi presidente do Conselho Fiscal.

domingo, junho 01, 2008

domingo, abril 27, 2008

Reunião de Direcção dos Amigos dos Açores



Reunião de 26 de Abril de 2008, realizada na Ecoteca da Ribeira Grande.

sábado, fevereiro 09, 2008

DALBERTO POMBO E O CENTRO DE JOVENS NATURALISTAS DE SANTA MARIA




O Centro de Jovens Naturalistas de Santa Maria, cuja actividade foi mais intensa nas décadas de 70 e 80 do século passado, tem entre outros, como um dos seus objectivos principais “iniciar os jovens nas colecções ou preparações com elementos diversos da História Natural, para melhor poderem apreciar, entender e resolver os problemas que se lhes apresentam hoje, como a poluição, defesa do património natural, ecologia, todos interdependentes afinal”. Muito dependente da persistência do Sr. Dalberto Teixeira Pombo, esta associação de carácter informal, terá desaparecido com o falecimento do seu fundador e, diria, único dimamizador no passado dia 11 de Dezembro de 2007.

segunda-feira, janeiro 28, 2008


DALBERTO TEIXEIRA POMBO


Só na semana passada, através da RTP-A, tomei conhecimento do falecimento, no passado mês de Dezembro, de Dalberto Teixeira Pombo.

O sr. Pombo(assim era conhecido, por todos os que com ele privaram)foi um naturalista que pelo seu trabalho, desinteressado, em prol da formação dos jovens e do conhecimento científico, constitui um exemplo para toda a sociedade açoriana.

Ele, indirectamente, foi também responsável pelo que é hoje os Amigos dos Açores- Associação Ecológica e por parte da minha formação como activista da causa ambiental.

A ele o meu muito obrigado e até um dia.

Teófilo Braga