quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Educação Ambiental (1)

A Educação Ambiental tem como objectivo fundamental envolver o cidadão na problemática da sua (e dos seus descendentes) qualidade de vida futura (Oliveira, 1989).

Embora diga respeito a todos, é sobretudo junto dos mais jovens que deverão incidir as acções de Educação Ambiental. Nas escolas, aquelas poderão integrar-se nos tempos lectivos das mais diversas diciplinas ou assumir uma carácter extracurricular. Papel importante, na organização das mais diversas acções, poderá ser desempenhado pelos Clubes de Ecologia ou de Amigos da Natureza,a criar por iniciativa de docentes e de discentes. A actividdae do “Barbusano-Clube de Ecologia da Escola Secundária Francisco Franco”, do Funchal, obra de um professor de Geografia, poderá servir de exemplo a todos nós. Aquele clube, que já editou uma brochura sobre a flora da Madeira e já dinamizou uma edição de Jornadas de Educação Ambiental, organiza regularmente passeios a pé aos mais diversos locais daquela ilha.

A Educação Ambiental não é tarefa exclusiva dos governos. Os cidadãos, individualmente ou associados, deverão contribuir para que ela seja uma realidade. Dos cidadãos espera-se maior empenho, do governo exige-se a criação de estruturas voltadas para a Educação Ambiental e a elaboração e aplicação de um programa coerente e continuado.

Voltarei ao assunto.

(Publicado em “O Pedagogo, ano IV, nº 6, 8 de Dezembro de 1989)

sábado, fevereiro 10, 2007

EM DEFESA DA ÁRVORE- IPILIPIL OU LEUCAENA, A ÁRVORE MILAGRE

O ipilipil, planta nativa das florestas de chuva centro-americanas, é urna árvore da grande utilidade como combustível, alimento e forragem. De crescimento muito rápido, algumas variedades atingem rnais de 18 metros em cinco anos.
A «ávore milagre”, sobretudo para os chamados países do chamado Terceiro Mundo, onde a desflorestação e o empobrecimento do solo atingem grandes proporções, pode ser utilizada como lenha para aquecimento e corno combustível em centrais eléctricas, o que já acontece nas Filipinas e noutros países. Segundo John Hubbel “o gado delicia-se com as folhas de leucaena da mesma forma que uma criança delira com um chocolate» e plantada em associação com outras culturas (em fileiras alternadas) estimula o crescimento de outras espécies. As folhas do ipilipil (de que uma das espécies é a Leucaena leucaena) podem ser usadas pelo homem em saladas e sopas e as sementes depois de torradas e moidas podem substituir o café.
Nos viveros dos Servicos Florestais, nas Furnas, tivemos a oportunidade de observar pequenas plantas obtidas a partir de sementes vindas dos Estados Unidos da América para a EDA que, segundo o “Açoreano Oriental” de 1—11—87, estava a investigar a possibilidade do seu aproveitamento para a produção de energia a partir de caldeiras a lenha.
Mas, como não há bela sem senão, a «árvore milagre», para além de não se adaptar a solos ácidos, se não for controlada tode tornar-se numa terrível praga de consequências imprevisíveis, o que já aconfece no Hawai e no Japão, onde os seus efeitos são já devastadores, em especial para a floresta autóctone e as suas folhas, muito ricas em proteínas, contêm uma substância tóxica que pelo seu uso (nunca abuso) deverá ser feito em quantidades limitadas e em mistura com outros alimentos.
(Publicado no Correio dos Açores, 5 de Março de 1989)

terça-feira, fevereiro 06, 2007

EM DEFESA DA ÁRVORE- O CARVALHO

EM DEFESA DA ÁRVORE- O CARVALHO


O género a que pertence o carvalho (Quercus L.) possui mais de 600 espécies, distribuídas pelas zonas temperadas do hemisfério norte e grandes altitudes das regiões tropicais da América do Sul e da Ásia, muitas delas com grande interesse económico pela sua madeira, entrecasco ou fruto.

O sobreiro (Quercus suber L.) é uma das espécies cultivadas nos Açores. Bastante raro entre nós, conhecemos um velho exemplar, na Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, muito próximo da nascente da Granja.

A espécie carvalho (Quercus robur L.) é citada por Amaral Franco como sendo cultivada nas ilhas de S. Miguel e Pico. Nunca observamos áreas significativas florestadas com esta espécie.

Na Ribeira Seca de Vila Franca, existiu um exemplar de carvalho negral (Quercus toza Bosc.) que foi cortado em 1971. A. Emiliano Costa refere-se a ele no seu artigo «Árvores notáveis em S. Miguel», publicado no Boletim da Comissão Reguladora dos Cereais do Arquipélago dos Açores, nº 17, de 1953, do seguinte modo: «É sem exagero um dos melhores tipos desta espécie, pois mede 5,2 metros de perímetro à altura do peito, correspondente a um diâmetro de 1,625 m de dimensões raramente atingidas por árvores desta espécie». Na altura do seu corte, era seu proprietário o Sr. Arcádio Teixeira e foi comprador o Sr. Miguel Raposo de Amaral que teve de empregar o trabalho de 66 homens para o serrar e carregar, sendo necessário para o seu transporte 14 furgonetas e 2 camiões de 8 toneladas. Convém registar que o seu corte foi após a sua morte natural (queda) aos (cerca de) 176 anos de idade.

Hoje, não conhecemos nenhum exemplar que mereça a classificação de interesse público. Será que não existe?

(Publicado no “Correio dos Açores”, a 17 de Fevereiro de 1989)

domingo, fevereiro 04, 2007

EM DEFESA DA ÁRVORE- O DRAGOEIRO

Endémico do arquipélago das Canárias, o dragoeiro pertence à família das agaváceas e do seu género existem 150 espécies. É na ilha de tenerife que se situam os exemplares mais antigos. Em Icod, encontra-se a morrer lentamente um com cerca de 3000 anos de idade.

Nos Açores, o dragoeiro é cultivado em jardins. Em São Miguel, os mais conhecidos, em virtude de se situarem em terreno aberto e em local que chama a atenção, são os existentes no Hotel Baia Palace. Além destes, já observamos alguns exemplares em jardins particulares, dois no Jardim António Borges, em Ponta Delgada, e, o mais belo e frondoso de todos, no campo de jogos da Escola Secundária Antero de Quental.

Planta usada medicinalmente até há poucos anos, do seu tronco depois de leves incisões obtinha-se um suco vermelho chamado sangue de Draco que servia para curar doenças circulatórias e respiratórias. Com ele também se tingiam tecidos.

Por estar plenamente de acordo com o que escreveu, em 1955, o Dr. Francisco Carreiro da Costa, aqui transcrevemos o último parágrafo de um pequeno apontamento seu acerca da planta que vimos referindo: “O dragoeiro, apesar de um crescimento muito lento, é a planta que interessa bastante ao embelezamento de outras zonas baixas da nossa ilha, principalmente nas proximidades do mar, pois adapta-se perfeitamente à salinidade própria desses locais, sendo indiscutivelmente uma planta bonita e que fornece uma sombra permanente e fechada”.

(Publicado no jornal “Correio dos Açores”, em 18 de Maio de 1989)

sábado, fevereiro 03, 2007

FÍSICA E DEFESA DO AMBIENTE


No século XX, sobretudo a partir da Segunda Guerra Mundial, assistiu-se ao desenvolvimento acelerado das ciências, entre as quais a Física, que alcançou uma maturidade que a maioria das restantes ainda não atingiu. Tal não foi obra do acaso. “A Física é, na realidade, a ciência que relações mais intimas tem com a tecnologia e, por isso, aquela que mais directamente serve o sistema produtivo”.

A civilização industrial encara a ciência de duas formas distintas: na primeira, a ciência “seria necessária para desenvolver a produção e activar os sectores de ponta da economia”, contribuindo para a expansão económica da sociedade; na segunda, a ciência seria necessária para desenvolver as forças produtivas, dominar a natureza e pôr esta ao serviço do homem, e ao colocar o desenvolvimento tecnológico dependente exclusivamente da obsessão do crescimento ilimitado e do incentivo do lucro está-nos a levar à beira da destruição.

A Física não escapa ao que nos vimos referindo, servindo até para manter esquemas de dominação imperialistas na maioria dos casos. Na verdade, a maioria dos cientistas põem os seus conhecimentos ao serviço de políticas armanentistas dos masi variados países e tem sido com os mesmos fins que têm prosseguido as investigações no domínio da física nuclear, nomeadamente no da energia nuclear em que a sua utilização para fins pacíficos não deixa de ser um subproduto da sua utilização para fins militares.

A ciência, os conhecimentos ciêntíficos e a tecnologia postas ao serviço da industrialização selvagem não têm contribuido para o surgimento da sociedade da harmonia, da abundância e do bem-estar, mas bem pelo contrário o modelo de crescimento exponencialista adoptado cada vez menos serve o homem e cada vez mais degrada o meio ambiente , e elimina as condições mínimas necessárias para a existência ou a sobrevivência da própria espécie humana sobre a Terra.

Dado que o progresso ilimitado que nos é proposto pela civilização industrial nem sempre teve em conta o conhecimento das leis da Natureza, é urgente que a ciência e a tecnologia se libertem da servidão ao “economicismo” e passem a prestar atenção à necessidade de manter o equilíbrio entre as sociedades humanas e o meio ambiente, entendendo por este o seu todo- natural, social, político, económico, tecnológico, ecológico, histórico, cultural, estético, etc..

Os cientistas, em particular os físicos deveriam desempenhar um papel importante na criação de uma sociedade onde, tal como nos diz o professor universitário Maurice Bazin, “a ciência deveria ser feita para o povo, quer dizer, servir o bem-estar de todos” e os físicos não deveriam sentir-se ameaçados por esta ideia, mas pelo contrário aceitar este desafio de responder às necessidades de todos os seres humanos”.

Em suma, a ciência, particularmente a Física, e a tecnologia deveriam apontar “o caminho da não-violência, ao invés da violência, da cooperação harmoniosa com a natureza; de soluções silenciosas, que gastem pouca energia, limpas e económicas, ao invés de soluções barulhentas, brutais, sujas e que levam ao desperdício e ao alto consumo de energia” (F. Schumacher)

(Publicado no jornal “Directo”, em 12 de Janeiro de 1983)

CAMPANHA DE ENVENENAMENTO NO MÊS DE ABRIL


Sob o lema “O rato é uma praga é preciso eliminá-la”, decorreu de 2 a 20 de Abril, uma campanha de desratização no Pico da Pedra, promovida pela Junta de Freguesia com a colaboração dos Serviços Agrícolas.

Antes da referida data, tinha dito ao Sr. Presidente da Junta que o que deveria ter sido feito era uma campanha de limpeza, sendo a de desratização um complemento da primeira. Como é habitual, optou-se por combater os efeitos e não as causas.

No período já referido, andaram uns rapazinhos a colocar saquinhos de veneno pelas paredes de algumas ruas em local bem visível e ao alcance de qualquer criança. Posso comprovar através de fotografias e tenho várias pessoas que poderão testemunhar o que acabei de afirmar.

No passado dia 27, um grupo de jovens vândalos andou a tirar os sacos das paredes, a atirá-los para o chão, tendo “entrado” em minha casa e tentado envenenar o cão.

É com alguma mágoa que venho a público denunciar este autêntico “crime” cometido por uma autarquia composta por pessoas pelas quais tenho o maior respeito e consideração, mas só o faço porque poderá servir de exemplo a não seguir por outros que pretendam promover campanhas do mesmo tipo. Por outro lado, é a prova de que nem sempre com bons ovos se fazem boas omeletes.

(Publicado no jornal “Correio dos Açores”, a 6 de Maio de 1990)