quarta-feira, agosto 15, 2007

A ESCOLA EM DEFESA DO LITORAL



A nível mundial, as zonas costeiras, fruto do crescimento demográfico e económico, têm vindo a degradar-se, sobretudo devido à construção de grandes empreendimentos turísticos. Outro problema preocupante é o cada vez maior enriquecimento das águas do mar em nitratos e fosfatos, sobretudo em mares fechados, como o Mar Morto e Negro e nos Mares do Norte e Mediterrâneo. Nos Açores, embora muitas vezes se viva de costas voltadas para o mar, as zonas costeiras também têm vindo a sofrer alguma degradação.

Tendo como objectivos principais, fornecer aos órgãos de decisão local e nacional e internacional elementos que contribuam para a gestão sustentada do litoral, para a recuperação de zonas degradadas e para a preservação das áreas sensíveis e alertar a população para os problemas ambientais da zona costeira e para a urgência da sua protecção, existe um projecto, de âmbito europeu, intitulado Coastwatch.

No âmbito deste projecto, que é coordenado a nível nacional pelo Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) e em São Miguel, pelos Amigos dos Açores, vários membros da associação, de Clubes Naúticos ou Navais, de Clubes Desportivos Escolares, de Clubes de Ambiente e professores e alunos de algumas das nossas escolas, estarão até ao próximo dia 31 de Dezembro a percorrer o litoral da ilha com vista à recolha de dados que permitam a caracterização ambiental da faixa costeira.

Para além da participação activa dos cidadãos na defesa de um bem que é de todos nós, o nosso património natural, pretende-se entender as causas que estão por trás da degradação do litoral e fazer com que os mais novos estejam atentos e mais sensíveis aos problemas que os rodeiam. Além disso, pelas características interdisciplinares do projecto, outros objectivos poderão ser alcançados com a sua implementação, desde os de carácter cognitivo, até outros no âmbito da afectividade e da psicomotricidade.

Pela experiência que temos, através da implementação do projecto, com algumas turmas da Escola Básica 3/S da Ribeira Grande, consideramos que o mesmo deveria ser adoptado por outros estabelecimentos de ensino de modo a ser executado, quer no âmbito da Área- Escola, quer na Área de Projecto.

Terminamos, apresentando a nossa profunda discordância com todos os que tudo fazem para que o ensino dos alunos das nossas escolas se faça (?) só dentro das quatro paredes da sala de aula, impondo restrições a outras actividades de carácter educativo, como visitas de estudo, intercâmbios, etc.. Como muito bem escreveu José de Almeida Fernandes: “...importa lançar mãos ao trabalho, abrir as portas da Escola e deixar entrar livremente e a jorros a luz e o ar puro”.

(Publicado no Açoriano Oriental, 14 de Novembro de 2002)

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