domingo, agosto 05, 2007

SOCIEDADE DE CONSUMO: AMBIENTE E QUALIDADE DE VIDA (1)


Desde os tempos mais remotos, diríamos mesmo desde que surgiu na Terra, o homem, ser inteligente, aprendeu a criar e a construir, mas ao mesmo tempo começou a quebrar o equilíbrio natural. Assim, os povos primitivos ao fazerem queimadas facilitando a sua deslocação nas caçadas ou para as culturas itinerantes contribuíram para a perda da fertilidade dos solos.

Mas, se naquela altura, a acção do homem era limitada, permanecendo intacta uma grande parte do globo, a partir das viagens dos europeus à volta do mundo a devastação dos recursos naturais sofreu um grande incremento. Os povos colonizadores procuraram extrair o máximo de matérias primas de que necessitavam sem mostrar qualquer preocupação conservacionista. A título de exemplo refira-se que na América do Norte, antes da chegada dos europeus uma densa floresta cobria toda a costa banhada pelo Oceano Atlântico e hoje esta região encontra-se praticamente desflorestada. No que diz respeito à fauna o bisonte viu o seu número diminuir tal que hoje encontra-se reduzido a pequenas manadas e o condor da Califórnia que era muito comum no século XVII viu o seu número reduzido a 120 elementos.

Com o advento da revolução industrial, que ocorreu inicialmente em Inglaterra a partir de 1779, o “crescimento e as migrações das populações, a urbanização e a exploração dos recursos naturais se faz em grande escala, de maneira sistemática. A terra, explorada, conquistada e partilhada, torna-se uma imensa oficina. Também a poluição muda de dimensão: não sendo mais reabsorvida espontaneamente, danifica a paisagem e requer mecanismos cada vez mais sofisticados de reciclagem e eliminação.” ( Ruger, 1999)

Na sociedade de consumo em que todos nós vivemos, a qualidade de vida é, por vezes, erroneamente identificada em função da quantidade de objectos consumidos pelo homem, encontrando-se este transformado num “furioso consumidor”. A lógica do consumismo tem levado ao abuso dos recursos humanos e naturais sendo a causa de diversos problemas ambientais que ameaçam o nosso planeta, os quais poderão ser agrupados em três grandes grupos: a poluição, a sobreexploração dos recursos naturais e as ameaças globais.

1- a poluição

A poluição contribui para a destruição do património natural, origina problemas de saúde nas populações, faz diminuir a sua qualidade de vida e faz com que os rendimentos na agricultura e no turismo diminuem. Nos países mais industrializados a poluição é devida sobretudo à industria e aos transportes, nos países subdesenvolvidos a origem está nos grandes aglomerados urbanos, onde se concentram esgotos e lixos domésticos, às indústrias altamente poluentes que já não são aceites pelas populações dos países desenvolvidos e ao depósito de resíduos tóxicos e perigosos.

2- a sobreexploração dos recursos naturais

Os sistemas económicos cujo objectivo primeiro é o lucro imediato, sobretudo nos países mais desenvolvidos e a necessidade de pagar a dívida externa e as necessidades de sobrevivência das populações sem outras alternativas nos países subdevenvolvidos tem levado à destruição dos seguintes recursos: a pesca, as florestas, as jazidas minerais, a água e as espécies vivas.

3- as ameaças globais

Em grande parte decorrentes dos dois anteriores podemos incluir neste grupo as alterações climáticas, devido ao conhecido efeito de estufa causado pelo aumento da concentração na atmosfera de dióxido de carbono e de metano, a rarefacção da camada de ozono devido à produção CFC’S (clorofluorcarbonetos) e a destruição da biodiversidade.
(Publicado no Açoriano Oriental, 10 de Setembro de 2001)

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