quinta-feira, agosto 09, 2007

AMBIENTE E ACTIVIDADES DESPORTIVAS

Teófilo Braga



Nas últimas duas décadas, os desportos de ar livre tem sofrido um crescimento que por muitos é considerado avassalador. Não só apareceram novas modalidades como o BTT ou o parapente, mas também, desenvolveram-se algumas que estavam um pouco "esquecidas" como a espeleologia, a escalada, o montanhismo, etc.

De acordo com o Guia dos Desportos Aventura, da autoria de Incitare/João Matos, há que distinguir o desporto- aventura do denominado desporto radical. Assim, o desporto radical implica para alguns praticantes uma filosofia de vida cuja característica principal é o viver intensamente cada momento, numa " busca continua de sensações fortes, de adrenalina, onde os limites individuais são testados a cada passo" ao passo que o desporto aventura, embora não ponha de parte a emoção e alguma adrenalina, não vai muito além de "uma pausa na rotina do dia-a-dia, de preferência num ambiente calmo, despoluido e em contacto com a natureza

As modalidades desportivas ligados à natureza, não só passaram a fazer parte dos currículos escolares, como, nalguns casos, são encaradas como uma ferramenta de formação, tendo como área preferencial o desenvolvimento organizacional.

Muitas são as vantagens atribuídas aos desportos de ar livre. Destas, destacaríamos as relacionadas com a formação dos jovens e a protecção do ambiente:

- Desenvolvem as capacidades de adaptação;

- Asseguram uma certa autonomia;

- Despertam o interesse pela actividade física;

- Contribuem para despertar o interesse para a riqueza da flora, fauna e actividades humanas;

- Oferecem uma oportunidade para a reflexão acerca dos problemas ecológicos.


Apesar das muitas vantagens que as actividades desportivas na natureza possam ter, elas poderão, também, contribuir para a degradação do património natural. Assim, as diversas actividades, feitas sem o mínimo de respeito para com o meio, poderão contribuir para:

- Aumentar a presença humana nos locais mais sensíveis;

- Dispersar os lixos;

- Interferir com a fauna selvagem;

- Destruir a flora;

E, no caso das actividades motorizadas, para além do que vimos, são também responsáveis por:
- Incrementar a erosão dos solos;
- Perturbar e causar estragos em propriedade, sobretudo dos lavradores;
- Aumentar o ruído
- Destruir os fundos aquáticos de lagoas e lagoeiros.

Como é do conhecimento público, muitas das actividades desportivas mencionadas são realizadas em áreas protegidas, advindo daí impactos negativos para aqueles espaços. Todas as actividades de animação, interpretação ambiental e desporto de natureza em áreas protegidas, bem como o seu licenciamento encontram-se regulamentados a nível nacional através do Decreto Regulamentar nº 18/99, de 27 de Agosto. Espera-se que, com urgência e sem prejuízo de uma eventual adaptação às condições da nossa Região Autónoma, haja a aplicação da legislação referida às nossas áreas protegidas.
(Publicado no Açoriano Oriental, 2 de Julho de 2001)

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