quarta-feira, agosto 15, 2007

O ESTADO DO MUNDO

Em Junho de 1992, realizou-se no Rio de Janeiro a Conferência da ONU sobre o Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92). Dos vários documentos emanados da Conferência do Rio, destaca-se a Agenda 21 que apresenta um plano de acção para o desenvolvimento sustentável a ser adoptado pelos diversos países com base numa nova perspectiva para a cooperação internacional.
Dez anos passados após a ECO-92, as medidas propostas com vista à construção de um mundo mais justo, pacífico e ecologicamente sustentável, foram muito poucas e tímidas. Hoje, ainda estamos muito longe de atingirmos tal desiderato.
A título de exemplo, neste texto farei referência a alguns dos problemas ambientais que se têm agravado nos últimos anos, bem como abordarei a questão do “buraco do ozono” que, felizmente, tem evoluído em sentido positivo.
À cabeça de todos os problemas ambientais mundiais encontra-se a pobreza. Com efeito, segundo dados de 1995, 3 000 milhões de seres humanos vivem com menos de 2 € diários, 1 300 milhões vivem com menos de 1 € diários, 900 milhões são analfabetos e 800 milhões passam fome e estão desnutridos. Esta é também a opinião de Michael Camdessus, Director do FMI, que vê nela uma ameaça ao próprio processo de globalização, em curso, tão do agrado daquela instituição.
Por outro lado, se mencionarmos os problemas ambientais globais como a alteração climática, a perda da biodiversidade e destruição das florestas, a falta de água, verifica-se que os mesmos se agravaram desde a Conferência do Rio de Janeiro.
No que diz respeito às alterações climáticas, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera atingiu o nível mais elevado em 420 000 anos, tendo aumentado em mais de 10% ao longo da década de 90 do século passado, a mesma década foi a mais quente dos últimos dois séculos e no último século registou-se um aumento, em todo o mundo, de 10-20 cm nos níveis médios da água do mar.
Relativamente à escassez de água, de acordo com dados da ONU de 1997, verifica-se que um terço da população do mundo vive em regiões onde há dificuldade ou mesmo impossibilidade de satisfazer as suas necessidades em água e esta percentagem poderá duplicar até 2025, em virtude do crescimento da população mundial. Por seu turno, de acordo com o Banco Mundial, em 1995, mais de 1 bilião de pessoas no mundo não possuíam água potável e quase 3 biliões não têm acesso a saneamento básico. Além disso, cerca de metade das populações que vivem nos chamados países em desenvolvimento sofre de doenças originadas pela água ou por alimentos contaminados.
Devido à perda de habitat, resultante da agricultura, pecuária; exploração de minérios, pesca, abate de florestas e expansão urbana e industrial, a diminuição da biodiversidade foi um dos problemas que mereceu maior atenção nos anos 90. De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza, encontram-se ameaçados de extinção 12,5 % das plantas vasculares, 11% das aves, 20% dos répteis, 25% dos mamíferos, 25% dos anfíbios e 34% dos peixes. No ano 2000, a mesma instituição constatou que o número de espécies ameaçadas havia subido em relação á década de 90 e que 18 % das 11 000 espécies ameaçadas encontravam-se classificadas como “sob perigo crítico”, a categoria mais elevada.
Experiência positiva foi a cooperação internacional que levou à assinatura na década de 80 do Protocolo de Montreal que fez com que entre 1987 e 1997, a produção de CFCS, destruidores da camada de ozono, diminuísse em 87%, tornando possível, assim, que haja um recuperação na camada de ozono
Se é verdade que alguns passos têm sido dados para fazer parar o agravamento dos problemas actuais, sobretudo devido à pressão exercida pelas Organizações Não Governamentais, é necessário uma tomada de consciência planetária que varra de uma vez por todas com a visão predominante no mundo desde o século XVI, que considera o homem como o centro do planeta e a natureza como um bem inesgotável, que sobrevaloriza as necessidades e desvaloriza os recursos, que identifica o progresso com a posse crescente de bens, que sobrevaloriza os espaços e o modo de vida urbanos, que dá primazia ao presente, esquecendo-se do futuro, etc.
Fontes:
GARDNER, G., (2002), “O Desafio de Joanesburgo: Criar um Mundo Mais Seguro”, Estado do Mundo 2002, http://www.wwiuma.org.br
. LARA, R., (2000), La Educación Ambiental, Hoy, polic.

(Publicado no Açoriano Oriental, 6 de Janeiro de 2003)

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