PLANTAS
O amor pelas plantas tem grande tradição nas nossas ilhas. Contudo, se se fizesse uma sondagem à população e aos nossos governantes perguntando se se preferiam estradas bordadas de hortências ou de flores indígenas, inexistentes em nenhuma outra parte do mundo, não temos dúvida que a preferência iria para as hortências, subentendendo-se que os açorianos aceitam a destruição do que é seu. Isto porquê?
A fábula do grilo e do camponês que a seguir transcrevo poderá ajudar-nos a encontrar uma explicação:
“Certo dia, um camponês caminhava por movimentada rua em companhia do seu amigo, criado na cidade, quando repentinamente tomou-o pelo braço, exclamando: Ouça o canto do grilo!
O pobre homem do asfalto nada ouvia, até que o camponês lhe mostrou uma fenda onde o grilo proclamava a sua presença, em ser ouvido pela multidão de transeuntes.
Como é que podes ouvir um som tão fraco no meio de todo este barulho?- perguntou admirado o homem da cidade.
Olha!- respondeu o camponês deixando cair uma moeda na calçada.
Cerca de uma dúzia de pessoas virou-se ao ouvir o fraco tilintar da moeda.
Tudo depende das coisas pelas quais a gente aprendeu a interessar-se.”
Urge acabar com a ideia de que tudo o que vem de fora é que é bom. A nossa flora é muito rica do ponto de vista florístico. No entanto, poucos conhecem as flores do bafo-de-boi, o exotismo do trovisco macho, o valor ornamental da vidália ou do folhado, etc.
Quem não tem um pequeno jardim ou terrenos onde possa cultivar, em vez de uma exótica, uma espécie que é nossa.
(Publicado em “O Pedagogo, ano IV, nº 3, 28 de Outubro de 1989
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