segunda-feira, julho 23, 2007

Em Defesa do Património Espeleológico (2)

O Algar da Rua do Paim


Com mais de 200 metros, o alagar da Rua do Paim desenvolve-se na direcção Norte-Sul, aproximadamente e é, segundo cremos, a continuação do da rua de Lisboa. Actualmente, possui duas entradas: a de mais fácil acesso num terreno situado na rua já referida, propriedade do senhor Belchior, e outra, a Norte, no quintal da Sra. Margarida Machado.

Das grutas e algares já visitados, este é o Algar que se encontra em melhor estado e possui maiores dimensões, possuindo nas partes mais baixas estalactites bastante pequenas, mas muito belas.A feitura de diapositivos de vários aspectos deste Algar poderia constituir um bom auxiliar ás aulas de Ciências da Natureza e Geologia das nossas Escolas Preparatórias e Secundárias.

Com o acesso ao público bastante condicionado, o que na nossa opinião deverá continuar, os principais problemas com que se debate este Algar são a deposição de lixos nas duas bocas e o entulhamento da entrada na rua do Paim, devido ao esgoto de águas e à deposição de restos das colheitas.

Pelo conhecimento que temos dos proprietários dos terrenos onde se situam as entradas, pensamos que dada a sua sensibilização para com a urgência em se defender o nosso património natural este Algar não correrá perigo de maior.

Como medidas conducentes à sua manutenção, pelo menos no estado actual, sugerimos a retirada do esgoto e a concessão de um pequeno apoio subsidiário para a conservação e limpeza da entrada principal.

No dizer do Dr. Pedro Oromi, do Departamento de Biologia Animal da Universidade de La Laguna, Canárias, «as ilhas dos Açores constituem uma região vulcanoespeleológico de primeira ordem, comparável a qualquer outra do mundo tanto pela riqueza das suas grutas como pela perculariedade de muitas delas».

Achamos que não devemos deixar que esta riqueza se perca entulhada em lixos, a servir de fossa ou soterrada. Na Assembleia Regional dos Açores poderia ser apresentada e aprovada uma proposta de Decreto Regional com vista a proteger as grutas, e algares e outras zonas de interesse vulcânico das nossas ilhas. Quem dá o primeiro passo nesse sentido?

Teófilo J. S. Braga (membro dos Amigos da Terra/Açores)

(Publicado no Correio dos Açores, em 24 de Março de 1988)

Sem comentários: