quinta-feira, julho 12, 2007

EM DEFESA DO PATRIMÓNIO ESPELEOLÓGICO (3)

A Gruta de Webster, realidade ou ficção?



As ilhas dos Açores, praticamente desde o seu povoamento, têm sido alvo da visita de um avultado número de escritores e cientistas.

John White Webster, genro do primeiro cônsul americano, Thomas Hickling, «o revelador do vale das furnas às modernas gerações micaelenses, pois encantado com as belezas naturais do mesmo, ali mesmo fez construir o seu YANKEE HALL», rodeado de um magnifico jardim, foi autor de um dos mais valiosos livros sobre a ilha de São Miguel, «Description of the Island of St. Michael” editado em Boston em 1821. A sua tradução, da autoria do Dr. César Rodrigues, está ao dispor de todos os interessados no «Arquivo dos Açores, volume XIII».

Tal como Fouquê e Hartung, que em trabalhos de sua autoria fazem a descrição de vários tubos basálticos, alguns dos quais chegavam a atingir quilómetros de extensão, John Webster dedica um capitulo do seu livro ao relato de uma excursão a uma caverna situada a «cerca de três a quatro milhas a noroeste de Ponta Delgada».

Através do relato de Webster ficamos coma sensação que esta gruta era de enormes dimensões: «O precipício não tinha provavelmente d’altura menos de trinta pés; e como os archotes, com que nos tinham provido, apenas iluminassem fracamente a caverna, mandámos acender uma fogueira ao nosso guia. Pelo som das nossas vozes pareceu-nos que este lograr devia ser d’uma grande extensão, não nos sendo possível ver o tecto mesmo com o auxílio da luz a mais forte que podemos obter».

Algumas pessoas por nós contactadas duvidam da existência desta gruta. O Dr. William Halliday, num trabalho a que tivemos acesso, fala-nos de uma gruta nos Arrifes cuja entrada ficava próxima do quartel militar situado a norte daquela freguesia.

A descrição feita por um jovem empregado do sector dos lacticínios, que lhe mostrou alguns diapositivos, levou o Dr. William Halliday a levantar a hipótese de ser a gruta visitada por Webster.

Até ao presente não nos foi possível contactar com o interlocutor do Dr. Halliday, desconhecendo-se, portanto, o local exacto da sua entrada e se está em condições de ser visitada.

A título de curiosidade refira-se que a espeleologia, actividade que no nosso pais ainda não suscitou os apoios que merece, em vários países tem servido de suporte a um grande numero de experiências de índole cientifica, sendo em França tão praticada como o basquetebol.


(Publicado no “Correio dos Açores” em 14/4/1988)

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