terça-feira, julho 31, 2007

AVES MARINHAS

Nos Açores nidificam oito espécies de aves marinhas, quase todas têm populações importantes no contexto internacional. Seis destas espécies estão classificadas como ameaçadas no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal e estão inscritas no Anexo I da Directiva 79/408/CEE “Aves Selvagens”.

A alma negra (Bulweria bulwerii) nidificava em pequenos ilhéus de Santa Maria e Graciosa. Le Grand (1984) refere a existência de uma pequena população na Graciosa.

O painho da madeira (Oceanodroma castro) ou alma de mestre, é provável que nidifique em S. Maria e em 1984 nidificava na Graciosa (Le Grand, 1984).

O estapagado ou frulho (Puffinus puffinus) segundo Azevedo (1992) “muito abundante na altura dos primeiros povoamentos, estava praticamente extinto em meados do século XVI, mantendo esse estatuto até à actualidade… A nidificação em covas abertas no solo, feitas sobretudo nos ilhéus mas também em terrenos de pastagem, tornava os estapagados presas fáceis quer para o homem quer para outros predadores, como os porcos. Atraídos à noite por fogueiras e mortos à paulada, “enchendo assim sacos deles”, eram caçados, tal como as cagarras, pelo óleo e pelas penas, servindo ainda como alimento. Chegaram, “em anos de fome”, a ser exportados secos para S. Miguel. Hoje, desconhece-se o seu estatuto, apenas conhecem-se dois registos de nidificação nas Flores em 1865 e no Corvo em 1929, onde possivelmente ainda nidifica…

O Pintainho (Puffinus assimilis) nidificava, de acordo com Le Grand (1984), em S. Maria e Graciosa em muito pequenas populações.
Os garajaus são duas espécies que em Abril migram da costa ocidental da África para os Açores onde nidificam. Ambas as espécies nidificam em colónias, situadas em praias rochosas sob falésias e em pequenos ilhéus sobretudo nas ilhas de Flores. As colónias têm normalmente 30 a 70 casais. A nidificação começa habitualmente no fim de Abril e prolonga-se até ao fim de Julho.

Em 1989 existiam nos Açores 4015 casais de garajau comum (Sterna hirundo) e 992 casais de garajau rosado (Sterna dougallii), sendo as ilhas de Flores, s. Maria e Graciosa as mais importantes para esta espécie com 80% da população dos Açores…

Entre 1989 e 1991 a população de garajau rosado manteve-se estável, com cerca de 1000 casais, isto é mais de 60% do total da população europeia. Em 1992 a população de Garajau rosado diminui para 750 casais e em 1993 para cerca de 380.

Existem vários problemas de conservação, sendo a perturbação pelo homem a maior ameaça para os garajaus dos Açores.

O cagarro (Calonectris diomedea) é uma ave marinha perfeitamente adaptada à vida no alto mar. Após alguns meses nos mares do hemisfério Sul, em Março os cagarros regressam e iniciam visitas nocturnas às colónias, situadas em ilhéus, falésias e arribas costeiras, dando assim o início ao período reprodutor de oito meses. No final de Outubro os jovens são abandonados, nos ninhos pelos adultos. Movidos pela fome, lançam-se ao mar para uma vida longa de mais de 40 anos.

Os Açores são, em todo o mundo, a zona mais importante para o cagarro. A sua população sofreu uma enorme regressão histórica sobretudo devido à pressão sobre o litoral.

A população de gaivota (Larus cachinnans atlantis) é mal conhecida mas admite-se que possa estar em expansão.

T. Braga (AMIGOS DOS AÇORES)

(Publicado no Suplemento de Turismo e Ambiente, Correio dos Açores, 24 de Agosto de 1997)

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