quarta-feira, julho 25, 2007

EM DEFESA DA ÁRVORE

TEIXO

O teixo (Taxus baccata), árvore ou subarbusto da família das taxáceas, será uma das espécies extintas da nossa flora natural.

Embora citado para as ilhas do Pico, Faial, e Corvo, todas as diligências por nós efectuadas no sentido de encontrar alguém que tivesse visto uma simples exemplar foram infrutíferas. O Dr. Eduardo Dias, da Universidade dos Açores, afirmou-nos que na “ilha Terceira, as probabilidades da espécie existir são praticamente nulas – não é conhecido qualquer espécime e nas minhas explorações exaustivas nesta ilha sobre a distribuição da flora endémica nunca pode encontrar esta espécie – passando-se o mesmo para as ilhas do Pico e Faial, restando apenas a esperança em algumas ravinas ditas inacessíveis das encostas N do Pico, e, botânicamente, pouco exploradas”. Nas Flores, contactamos os Serviços Agrícolas que nos informaram nunca terem observado aquela espécie, pelo menos nos últimos anos.

Espécie bastante procurada devido à sua madeira dura e resistente, susceptível de bonito polimento, o teixo foi tão explorado pelos primeiros voadores destas ilhas que já Gaspar Frutuoso falava no seu desaparecimento na ilha de S.Miguel: «… e alguns teixos, que já se vão acabando por serem muito prezados e buscados para deles fazerem ricas mesas e bordas delas, cadeiras e, fasquias para ricos escritórios, que com ele se guarnecem, e já agora se ajudam com outros teixos trazidos da ilha do Pico, onde há muitos…» (Saudades da Terra, livro IV, vol. II, pág. 121, 1981).

Planta que se distribui pelas regiões boreais temperadas no Norte da Europa, Norte de África, Ásia Menor, América do Norte, Japão, Coreia e Man chúria, o teixo, possivelmente, extinto nos Açores, possui uma área de distribuição no continente português reduzida a enclaves montanhosos no Norte e Centro. Espécie largamente cultivada em parques e jardins em todo o mundo, não poderia ser reintroduzida entre nós com fins ornamentais?

Teófilo Braga (membro dos AMIGOS DA TERRA/AÇORES )
(Publicado no Correio dos Açores, 5 de Abril de 1989)

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