terça-feira, janeiro 30, 2007

RESERVA DE RECREIO DA LAGOA DO CONGRO, POR QUE NÃO?

Um dos desafios com que se debate a Região é o do desenvolvimento turístico.

O desenvolvimento turístico uma arma de dois gumes. Pode ser um estímulo para a conservação e protecção dos recursos de uma região, mas também, e muito frequentemente, a falta de planeamento, a ganância, a pressão comercial e uma falta de visão levam à construção em sítios que arruínam as belezas naturais.

As ilhas dos Açores constituem um local privilegiado para o desenvolvimento de um turismo cultural e ambiental, “tendo por base o conhecimento da história, da arte e dos modos de vida do seu povo, bem como a exploração das suas paisagens, o seu vulcanismo, fauna e flora raras e específicas”.

Vila Franca tem que optar por um turismo de qualidade. Este concelho possui um grande número de recursos, como praias, paisagens, montanhas, reservas naturais, locais históricos, monumentos, o seu museu, etc. e só na procura de uma alternativa ao turismo de massas através de novas vias mais individualizantes, específicas, descentralizadas, sazonalmente distribuídas ao longo do ano, é que é possível não destruir as belezas que possuímos.

Como vilafranquense e AMIGO DA TERRA, queria aproveitar a oportunidade para apresentar, aos responsáveis autárquicos deste concelho, a seguinte sugestão: a zona das Lagoas do Congro e dos Nenúfares pela sua singularidade e localização possui características que fazem dela um local procurado por quem precisa de sossego e enorme interesse turístico pelo que merece ser enquadrada no Património Natural e Paisagístico da Região, com a categoria de Reserva de Recreio.

Tomei conhecimento, pela imprensa da intenção da Câmara Municipal de ponta Delgada ( será engano?) em melhorar os acessos à Lagoa do Congro e construir um miradouro. Relativamente ao primeiro ponto, estou perfeitamente de acordo, desde que o objectivo não seja o de permitir o trânsito a veículos automóveis, o que na minha opinião deverá ser expressamente proibido, por ser perturbador do descanso e da tranquilidade de quem foge da balbúrdia do dia a dia. Quanto ao segundo ponto, discordo completamente pois um miradouro naquele local, para além da descaracterização da paisagem, não serve ao desenvolvimento do turismo concelhio já que transforma aquele local em mero ponto de passagem.

Criada a reserva, nas suas imediações, possivelmente na antiga casa de campo, deveriam ser construídas todas as infra-estruturas necessárias e a partir delas, no Verão, poderiam ser organizados circuitos pedestres destinados a todos os interessados, turistas ou não. E há muito por onde escolher, desde percursos pequenos com possibilidade de visita a pequenas mas muito belas lagoas nos arredores (ex: a Lagoa do Areeiro, a Lagoa do Pico da Lagoinha, etc.), até percursos mais longos, como um passeio até à Lagoa de São Brás ou até ao Pico da Vela, donde se avista a Lagoa do Fogo.

(Publicado no jornal “Correio dos Açores, 23 de Junho de 1988)

Sem comentários: