terça-feira, janeiro 16, 2007

CONSERVAÇÃO DA NATUREZA: O QUE SE FAZ NOS AÇORES?

«A Terra é uma pequena ilha, um oásis de vida, o único local conhecido no Universo onde o Homem pode prosperar. Mas a teia da vida apenas existe na fina camada de ar, de água e solo da superfície do planeta. Inconscientemente, o Homem destrói isto, o seu próprio habitat, utilizando mal e explorando em demasia os recursos limitados de que se dispõe e esforçando os delicados mecanismos da vida ameaçando, não só a qualidade da vida como, até, a sua própria sobrevivência». (extraído de um folheto do NPEPVS)

A 13 de Abril do ano transacto, através do «Correio dos Açores», o Dr. Gerald Le Grand, responsável pela Divisão da Protecção da Natureza e Ornitologia do Departamento de Ecologia da Universidade dos Açores, lamentava-se pelo facto do Governo Regional não estar na disposição de se empenhar, a fundo, isto é ir além das palavras e decretos, na conservação da natureza. A situação era, na altura, deveras caricata. Um governo que tem as mãos largas para muitas coisas (ainda bem!) não possuía 50 mil escudos para o pagamento da estadia, durante um mês e meio, do professor Erik Sjogren da Universidade de Uppsala, Suécia, que tinha aceite vir aos Açores, em visita de estudo.

O plano para 1983, recentemente aprovado pela Assembleia Regional dos Açores limita-se a enunciar um conjunto de 14 medidas sem, sequer, prever, tal como o próprio Plano a Médio Prazo, verbas para as implementar. Enfim, na área do ambiente vamos continuar como até aqui; muita parra pouca uva…

A outro nível, que não o oficial, prossegue a luta pela defesa e conservação da natureza e meio-ambiente. Assim, embora com características por vezes bastante diferentes mas com objectivos que por vezes se confundem, começam a surgir, na Região, várias organizações que actuam neste campo. Entre elas destacamos: o Núcleo Português de Estudos e Protecção da Vida Selvagem (NPEPVS/DA), o Centro de Jovens Naturalistas, o «Luta Ecológica», «Os Montanheiros» e o grupo Ecológico da Universidade dos Açores.
Neste pequeno texto, referir-nos-emos, apenas ao NPEPVS/DA pelo simples facto de, até à presente data, ter sido a única organização a nos fornecer as informações por nós solicitadas.

Contando com cerca de 220 sócios, aqui na Região, o NPEPVS, que foi fundado em 18 de Dezembro de 1974 e que tem séde na cidade do Porto, tem promovido estudos, organizado congressos, reuniões, sessões em estabelecimentos de ensino; editado milhares de cartazes, folhetos, livros e boletins.

O NPEPVS tem, de acordo com os seus estudos, publicados no «Diário do Governo», III Série n.º 32 de 7/2/75, como objectivos prioritários:

a) Promover ou apoiar estudos sobre fauna e flora;
b) Realizar campanhas junto do público no sentido da protecção da Natureza, em especial da fauna e da flora;
c) Interceder junto das entidades oficiais e apoiá-las, no sentido da protecção da Natureza, em especial da fauna e da flora;
d) Tomar quaisquer medidas que visem a protecção da Natureza, em especial da fauna e da flora, por eventual decisão da assembleia-geral ou, em caso urgente da direcção.

Para o Engenheiro Duarte Soares, da Delegação do NPEPVS, o ano que agora se inicia será o do arranque da actividade do núcleo aqui nos Açores. Assim, em 1982, foi preocupação primeira daquele organismo encontrar uma séde, tendo também conseguido obter 11 filmes sobre a vida dos pássaros, filmes esses que poderão ser passados em todas as escolas da Região.

Muito em breve o NPEPVS lançará duas importantes campanhas: uma para a protecção das aves marinhas, possuindo desde já um autocolante para tal; outra para a protecção das aves de rapina (Milhafre e Mocho) para a qual possui 1000 posters que foram, gentilmente, cedidos pelo FIR (Fonds d’Intervantion pour les Rapaces).

(Publicado no jornal “Directo”, a 11 de Fevereiro de 1983)

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